Carta nº 1

É minha primeira carta a ti, pequeno ser. Fico sem saber como me apresentar e me pergunto: será mesmo necessário? Sinto que já somos tão próximos! Dividimos o mesmo alimento, os mesmos lugares, o mesmo ar. Sei que escuta quando converso com as plantas e sente quando me torno chuva ou me encho de sol. Já conhece meus segredos, medos e devaneios. Então deixemos as apresentações de lado. Na verdade, acho que preciso dizer, para me sentir mais sua - e porque tudo isso tem me enchido de orgulho: sou tua mãe. 

Soube de ti na lua crescente de abril, quando as duas riscas cor-de-rosa apareceram. Choramos, eu e teu pai, pela felicidade que nos tomou naquele momento. Mal pudemos acreditar, e assim também foi nos dias que se seguiram. Você já nos era muito esperado. Fruto do nosso flores.cer, com pitadas de sálvia e gengibre.

Junto com toda a felicidade que foi (e é) saber que você está aqui dentro, também se fizeram presentes manifestações que até aquele momento me eram estranhas. Chorei sem motivos, acordei de madrugada desejando rissoles de milho, coloquei tudo para fora no instante seguinte... um furacão morava em mim! Mas quando eu pensava em me desesperar por tudo aquilo, lembrava que era apenas meu corpo se ajustando à sua chegada. Era você dizendo que veio para ficar. E abri mil sorrisos por isso.

Às vezes sonho que você já está nos nossos braços, nos sorrindo amores, nos cantando poesias. Ansiamos tanto por sua chegada! Sei que virá em paz, e que muito aprenderemos contigo. Estamos prontos! 

Nós te amamos muito.


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Imagem: artista desconhecida (o)

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Quem escreve

Faërie Luna. Raissa, 24, INFP, libriana com ascendente e lua em Leão. Psicóloga, apotecária da floresta, alquimista, aromaterapeuta. +